Neste dia, pessoalmente, eu estava muito empolgado. Vendo o Bruno fazer a lição do curso dele e prestes a entrar em uma entrevista de emprego. Eu realmente achava que aquela vida poderia ser mudada naquele momento. Fiz o que me cabia e sou grato a Deus pela oportunidade de ter caminhado com esse jovem por algum tempo e ter tido a oportunidade de manifestar a ele o amor de Jesus por sua vida.
O discipulado é a ordem dada por Jesus pouco antes da sua ascensão. Para ser realizado, o discipulado exige envolvimento relacionamento, caminhada. Não há garantias de sucesso e o risco da frustração é sempre garantido. O Bruno é um jovem que veio até a Igreja Presbiteriana de Vila Mariana pedir ajuda com seus vícios. Deus o direcionou para mim, um ex-viciado. Imediatamente me conectei com aquele garoto, pobre, da periferia de São Paulo. Decidi que iria caminhar com ele. E assim fiz por quase um ano. Dediquei tempo para ensinar a ele o Evangelho, conversa sobre a vida cristã, aconselhamento, fiz ofertas a ele, paguei até uma mensalidade do curso que ele dizia que estava fazendo. “Dizia”?
Pois é, no meio da caminhada descobri que o Bruno tinha outro vício além das drogas, do cigarro e da bebida, ele mentia também. Claro que o exortei severamente, mas estendi a mão da misericórdia que sabia que Deus exigia de mim, afinal, eu não era melhor do que o Bruno, ao contrário, igualmente pecador. Voltamos uns passos atrás e novamente dedicamos mais tempo, mais conversas, mais planos. Bruno tinha dito que havia conseguido um emprego de panfletagem e até conseguimos aqui na IPVM a oferta de um tratamento de dente para ele.
Tudo estava indo bem. Ele havia volta a estudar e novas oportunidades estavam surgindo para ele, como registram as fotos de uma tarde que passei com ele, acompanhando-o até uma entrevista de emprego. Infelizmente, no meio de tudo isso, dessa segunda fase, eu havia combinado com ele de ir até sua casa com os diáconos da igreja para conversarmos com sua família para ajudarmos ainda mais. No dia combinado, a caminho para lá, liguei para o Bruno dizendo que estávamos chegando, no entanto, quando chegamos ele não estava lá. Quem nos atendeu foi o seu tio que nos informou que o Bruno tinha acabado de sair para um show de pagode. Ali também descobrimos mais mentiras e naquele momento eu entendi que aquela porta de discipulado estava sendo fechada.
Percebi depois de algum tempo que o problema do Bruno era um coração ainda não entregue e regenerado por Deus e que, segundo as Escrituras, o discipulado é apenas para quem já passou dessa fase inicial, é apenas para o crente. Aprendi muito com aquela situação que me frustrou, mas me fez amadurecer. Depois disso, eu dei um novo puxão de orelha nele, fazendo-o entender a extensão da sua mentira e o quanto ele havia se prejudicado com aquilo. Ele se afastou, nos falamos depois poucas vezes, até que perdemos contato. Que Deus tenha misericórdia do Bruno, que as palavras que foram ministradas a ele encontrem, em tempo certo, morada.